Sofro mais um dia sem ti

Hoje, já por mais um dia

A lua apareceu tão nua

E ninguém bateu à porta

Sem campainhas. Os cães

ameaçam ou festejam as

visitas nem. Não ladram...

As festas que te faziam

As horas de rebuliço, os

pássaros em chilrreio, as

auroras perdidas sob os

lençóis. Tudo é silêncio.

Silencio sem mais aquela

Sem tua leveza tão bela.

Ser sequer teu perfume,

desvanecido no tempo já

Dizer o quê? Nova jornada

é fechada, inda não estás.

Ausente de mim és, querida

meu amor inda é dor só, e

dizer que, de tanto assim?

Dizer nada, que não magoe

ainda mais a dorida passada

dos noites e dias, o distanciar

mais, cada vez muito mais de ti.

Rompem-se já as últimas fibras

enlaçadas na carne endurecida

do meu peito, que afrouxara

ante a visão do éden ao lado

teu, minha tão sempre amada.

É tarde, tão tarde, soa o alarme!