“A bailarina!”



Descalça, minha Salomé dança e me olha...

Linda, sensual, ardente e insinuante...

Semi-nua na “lingerie” diáfana e transparente...

Na qual ela sabe, que eu sempre a imagino e sonho...



Baila em minha cabeça em sedas vestida, provocante...


Fita-me de viés, prende-me no olhar, pantera misteriosa...

Com graça felina faz minha alma febril e delirante...

Põe-me fogo e ri, me provoca!... E ri, ri maliciosa...



E ela dança, flutua leve e lenta, uma pluma sinuosa...

E ri, ri pra si mesma, riso cúpido, ri de mim...

Por ver-me seduzido, assim entregue, prostrado...

Pois em gozo de amor a seus pés me ponho...



E ela continua a bailar, a rir, dengosa a me olhar...

Têm-me enfeitiçado e nesta dominação feliz me sinto...

Estou em êxtase de graça, em estado de amor imerso...

Todo eu sou dela, mas tudo dela é meu...



E ela dança, dança e ri, mas ela é minha, só minha...

Meu aconchego são teus seios, são os braços teus...

Teus olhos me prendem, arma de mortal fascínio...

Ao vê-los, em agonia amor te pedem, te imploram os meus...



Enovelo-me nos teus cabelos numa paixão louca...

Perco-me no teu corpo e desvela-se o meu em ternuras tantas...

Ao suspirar tua respiração respiro, respiro de ti o teu cheiro...

E te provo toda, teu suor, teu corpo, teu gosto, tua boca...



E em mim, ela continua a bailar, a sorrir, a dançar...

Ela é minha Deusa, minha Rainha, minha Salomé...

Somente sou eu, em sendo eu dela, e é assim que me entendo...

E ela me ama, e de amor eu morro! Mas é só para mim... que ela dança...


Athos de Alexandria -  15-10-2008