SOBRE O AMOR

Já não sei mais sobre o amor, como antes assim achava

Até do que pensava já me desfiz, me despi das certezas

E quando o tinha firmemente entre as mãos, ele evaporava

E de peito vazio, a sua ausência me fazia perder a cabeça

Mas não é bom tentar compreende-lo como um sentimento qualquer

O amor é como uma dor, que só lembramos da intensidade quando presente

E não tem nada que o faça igual ao que já foi, nem mesmo fé

E aquele ex-amor, já não lembro, nem que a implacável lembrança tente

Mas há um processo que precisa ser respeitado, e é preciso ser forte

Aceitar as angústias, respeitar as lágrimas ora suaves, ora sofridas

É uma dor legítima que temos de direito, até reencontrar o norte

Respeitar a tempo de cicatrização pra curar as abertas feridas

Mas mesmo que essa força não venha, é preciso compreensão

Nem sempre é possível encontrá-la , nos tira o ar

Às vezes ta bem escondida, e é preciso ficar sem chão

Respeitar nossa fraqueza, pra que aliviados voltemos a respirar

Não gosto de derramar certezas, num sentimento nada modesto

Mas palpitar é tarefa fácil, quando não se tem o que afetar

Ainda que possa arranjar palavras, ainda sim seria complexo

Quando acredito que é uma questãona esfera do sensível...

Com o amor não tem outro jeito, não é possível

Ou entrega-se por inteiro, perde-se a lógica, ou não é amar