Poema sem nome

Como o sol ignora a lua,

você me trata;

Como as horas consomem o tempo,

você me mata;

Como a morte teme meus pecados

dessa vida sempre de partida

espanto as lembranças

espanto as expectativas

idolatro o espaço, a presença, a sensação do agora,

desconfio do futuro,

o tempo é insaciável,

encarno o desejo desobediente do móvel momento

momentos que na imaginação dói mais.

Por isso

respiro-te

mastigo-te

venero-te

Como quem causa prazer,

Como quem causa dor,

Como quem sente medo,

pela última vez.

Assim, desapego-me da minha saudade, do meu futuro para fica num eterno presente,

Perto de você.

Neucivaldo Moreira
Enviado por Neucivaldo Moreira em 21/03/2006
Código do texto: T126474