Quando foste embora

Doce névoa

mas, quem olha pelas janelas toscas à minha procura?

Não será teu rosto porque ele se foi

não serão teus lábios porque eles se fecharam para meus afagos

será a noite

setembro ou quem sabe sete horas no frio

de muitos gritos fiz agrados

de gosto de lisozima e chuva

misturei mais, coloquei as ruas em que passávamos

tuas mãos acenando em noite de quarta

de tudo fiz saudade

palavra

eu fiz de todas as torpezas que minha boca escondeu

o mais agonizante e absoluto silêncio,

intervalo, tempo, suspiro, pausa para despertar

ater as mãos ao peito

sentir o músculo cansado,

repetir mais um passo

sentimentos

esses calafrios amalgamados à dor

sete horas no frio da noite

intensa

pausa para absorver o ar

jamais

contar tuas palavras tua timidez

nosso futuro inacabado,

descem sobre mim

pesadas sombras dos amores que passaram

olho-te com os olhos da tristeza particular e bela

escrevo novamente esta palavra: saudade ...