EU QUERO O FUNDO

Não vivo nas superfícies.

Quase sempre me

aprofundo nas pessoas.

Vou no imundo de cada um,

navego nos restos fecais.

Na maioria das vezes essa

experiência tem sido dolorosa.

O que eu encontro é um mundo

mal resolvido, que fica

ali fingindo não existir.

Mas é meu jeito de sentir,

não vou parar.

Eu preciso ver e sentir o

sujo do outro.

Pra depois olhar dentro de mim

e aceitar o meu feio, o me sujo,

aceitar a minha própria merda.

Já tentei ficar no raso.

Já provei pra mim mesma que não sei

nadar nas correntezas alheias.

E, ainda assim, quando dou

por mim estou lá, afogada

nas emoções dos outros.

Sintia Lira
Enviado por Sintia Lira em 16/11/2008
Código do texto: T1286297
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