Assim Nós Fomos

Amores, dos que se calam, sem chance

De adubo fecundo, lavado em lágrimas, forram

No ciclo trágico-sensível, donde aprendizados jorram,

O próximo sorteio, o próximo romance

E assim também nós fomos,

E ficou o sabor do amor a percorrer os sentidos

Segurando nossas mãos e pés tremidos

E do caule morto brotaram ramos

Frutos não deram, inda é cedo

Mas as folhas gloriosas se esverdeiam

Não minto ao dizer que tenho medo

Nem ao dizer que mais nos rodeiam

Todos os medos e desejos, ora não findados

E que neste furacão tão comum receiam

E mais, os ramos em paz esvoaçados

Caçoam do furor que então nos freiam

Finda e acaba, mas não execra ou capa

E no poço venusiano, amplo como a divina

Meu corpo se abastece em minh'alma

E me avassala com a verdade da vida

Amo-te como sempre amei

Olho-te como novo momento

Amigo, irmão, querido, ei . . .

Não mude o rumo e largue o tormento

Que o que não pode ser um, será outro

O que era prata, hoje é ouro