A MANHÃ, POR FIM....
A MANHÃ, POR FIM...
Abro a janela e responde-me a manhã,
Fresca, plena de esperança, sadia!
Num canto da minha mansarda,
O leito vigia ainda meu sonho,
Qual viagem num alvor de vidas
Despontando para o universo!
Uma brisa, a mesma que há pouco passou
Numa ruela estreita e florida,
Acaricia meu rosto ainda ofuscado
Pela beleza de um sol que teima em ficar brilhando!
Estendo os braços aos céus
Responde-me uma pequena ave,
Um passarinho que acaso me fez companhia
No seu ninho, naquela noite que se fez dia,
Onde a emoção é forte, não cabe
No espaço reduzido de um coração
Recusando que o sonho acabe
E com ele se vá a ilusão!
Aquele espaço é meu templo,
Meu castelo e refúgio
E os olhos são prelúdio
Das esperanmças que na manhã contemplo!
Num canto, sobre a mesa, uma fotografia
Empresta vida aquela alegria
Onde a esperança é feliz ... e não sabe!
Desfio pensamentos que são meus,
Transpondo horizontes que vão ficando
Mais perto, deste lado,
Emoldurando uma incontida
Vontade de amar o céu e o mar,
As flores, as montanhas ,o calor!
Até mesmo as pequenas gotas de orvalho
Com lágrimas de saudades sentidas,
Envolvem a manhã,
Entram na mansarda, dormem no soalho,
O mesmo que me sustenta na vigilia da noite
E guardam meus passos pensantes
Que naquele espaço são errantes
Como a solidão que traz a noite
Quando a ausência é tortura
Tão acutilante e dura
Que trespassa e dilacera
A ilusão de uma quimera passa
Quando abro a janela e a manhã me abraça
Com o desejo de querer amar!
José Domingos