O fundo do teu olho

Olhei para teu olho e vi o precipício, profundo.

Quase desmaiei quando me percebi lá no fundo na grandeza

Daquele gigantesco fundo de olho.

Então comecei a subir por entre os fios de tuas pestanas

Descobri aqueles dois olhos castanhos bem ali,

Próximos do meu olho a encarar minha face.

Fiquei trêmula, o calor do teu rosto queimava o meu.

Tua boca roçava minha face enquanto procuraravam meus

lábios trêmulos.

Enrubeci, mas não resisti, devagar fui levando minha bo-

ca para junto da tua.

Ficamos ali, naquela fábula de amor, naquele enlevo ins-

tantâneo que durou uma eternidade.

Vivemos um beijo de asas, voando pelo espaço abraçados

em braços flutuantes.

Depois de toda essa fantasia, esse sonho incomensurável

nossos pés pisaram o chão, o chão branco do tapete fofo

que ainda nos dava a sensação de flutuar. Caimos enrola-

dos um no corpo do outro rolando pelo piso macio das nos-

sas peles que agora suavam a clara água de nossa entrega!