Só tu me completas tão bem

Só tu me completas tão bem

Como a manhã e a noite se revezam

Comungando as auroras e os crepúsculos

Nossos corpos se completam quando juntos

Nosso sangue, nossa alma, ossos, músculos

Separados, nos tornamos tão minúsculos

Sem amor, amordaçados

Como dois pedaços d´um ser único

Só por nossos corpos separados

Sinto, quando estamos abraçados

Abrir-se a infinitude num momento

Experimentando a paz de um fim eterno

Que devora o tempo... e o movimento

Sei que o amor é avesso ao argumento

Cedendo ao sentimento a sua lógica

Mas a nossa intimidade é monolítica

E, na sua invisibilidade, cósmica

Vejo que, muito além do domínio da ótica -

Tanto há que os meus olhos não veem ! -

Tal como a palavra completa um silêncio

Só tu me completas tão bem

(Djalma Silveira)