Vida comum

Por que, apesar de tudo, esta

ausência de portos,

nem alegres, nem felizes,

nem mesmo velhos,

para acolher estas velas cansadas

deste longo navegar vazio?

Por que, apesar de tudo, esta

ausência de oásis,

sem intervalos de sombra,

para saciar tanta sede,

acalmar

esta garganta ardente?

Por que, apesar de tudo, esta

longa tempestade,

interminável,

este vendaval irresistível,

a mudar, como sempre,

para sempre,

minha geografia?