Vestidos de prata

Vestidos de prata

Que a lua te vista de prata, e percebas

A luz amena da noite.

E que o lume te seja um açoite,

Para que não adormeças

Que o negro te seja um colírio

E teus olhos não vejam mais nada,

Que o tato, o guie o olfato

No prato da cama encarnada

Que, entre carícias sucintas,

Te sintas amada, desarmada,

Tocada por mãos infinitas

Por tua nudez, enfeitada

O que desejar, não omitas

Exija, não fiques calada

Sussurre, não berres, nem mintas

Pois hoje hás de ser saciada

A brisa parece cansada

Parada, perece lá fora

A vida nos deu esta hora

Agora, não quero mais nada

(Djalma Silveira)