Um amor que nem sabe se existe

Um amor que nem sabe se existe

Teu nome, escrito em orvalhos

Desfaz a dureza da pele

Transforma-me em ave singrando rios de vento

Faço-me puro ao pensar em ti

Viciado ao espírito mais tenro

Que existe sobre a terra

Recolho tuas palavras, uma a uma

Como partículas de pluma

Pó do viajar do teu espírito

Beijo possesso a brisa gélida

Sinto me tocando a tua alma

Unidos, exploramos cumulus

Colhemos o sol nos olhos

Para o eclipsarmos quando juntos

Na expansão do nosso desejo

Juntos, somos vácuos que se devoram

Estranha órbita, te sigo

E, ao percorrer-te, um vasto mundo

Na candura reticente e até dormente

Inocente em que te adoro

Desafiando-os, ignoro os deuses

Implorando um pouco de ti no meu paladar

Uma memória profunda

Que mostre que a vida valeu a pena

Que prove que o tempo de fato existiu

Que desfaça o ludibriar de tantos planos

E me mostre, ao final de tantas voltas

Minhas pegadas, na areia da praia

Tão frágeis que nem marcam, flutuam

Desaparecendo... ao lado das tuas

(Djalma Silveira)