Amor – a mera palavra

Amor – a mera palavra

<< Será o amor

( a palavra interdita )

A esperança maldita

De só ser se não for?! >>

Finja não me ama

Mas me ame, mesmo assim

Sua proximidade

É como o fogo das manhãs!

Finja não deseja

Mas deseje, mesmo assim

Sem nos tocarmos as mãos

Mantendo os lábios intactos

Nos amemos, mesmo assim

Sem dar nome ao que sentimos

Experimentando, permitindo-nos

Não usar o verbo amar

Lancemos sentimentos no ar

Um fino pólen a fecundar a brisa

Sendo o amor como o sol

Abrandado por um manto de nuvens

Fingirei não amar

E, ainda assim, saberá a verdade

Fingirei não desejar

E, ainda assim, sentirá meu desejo

Desfrutemos mansamente

Da perspectiva do Paraíso

Quem sabe, um dia, abrindo as portas

Nos fartaremos no seu zênite

Sem jamais o conjugarmos

Desfrutemos do Verbo

Que precede à existência de tudo

O doce sonho: nos amarmos

Calmamente, o realizemos

Mas longe dos olhos do mundo

(Djalma Silveira)