Nossa cama de astros
Nossa cama de astros
No seu curso de águas puras, me afogo.
Nele, o fogo tem igual consistência e ardor.
Deitados nesta cama de astros,
Irradiamos vibrações infinitas.
Em nós, o ardor não tem remédio.
O mergulho no êxtase de infindáveis planos,
radiantes iluminações e caos celestes.
Meus olhos são só estes que me deste.
Só para ver-te, na brancura do luar lá fora
onde, porventura, nos encontramos.
Me guia a necessidade de sentir-te
testemunhando o mundo se distanciar de nós,
Como se nossa forma, inimitável,
nada pudesse mais prendê-la,
forjada em ângulos absolutos
que, por entre os cantos dissolutos,
de tudo o mais escapasse.
Posso te sentir na areia seca
com as minhas mãos de água pura,
beijando as tuas esquinas nuas
com minha boca feita do vento noturno,
seus cabelos se queimando entre os meus dedos
feitos do fogo solar.
Nos amamos com a grandiosidade dos astros
em movimentos lentos e precisos, preciosos, graciosos,
como paralelos gravitacionais que não se tocam,
forças irradiadas no espaço
onde se amam, se somam e nunca se chocam.
(Djalma Silveira)