Rosas

Anátema rosa de meus putridos desejos

desfolho-a

desnudo-a

descarno-a

disseco-a

roubo-lhe o tom rubro

tomo-lhe a cor sangrenta

rasgo as folhas

do incestuoso caule a tomo

esmago-a

destruo-a

banho-a em luxurias e pecado

cubro-a de heresias

sussurro-lhe poemas mortos

lotuosa rosa

de negras vestes a virgem impudica

anátema, excelcia e putrefacta

negra rosa de meu canto agonizante

oh extase!

oh dor lancinante!

que me arroubam em ais

oh! pudera não ser perfeita

a fada em trevas submersas,

oh puderam os lábios de veludo carmim

entreabertos em suspiros meu nome chamar!

Desfolhada, desnuda

formas alvas,

formas curvas

macias, macias formas!

Vadia infernal nos doces braços do vinho adormecida!

Seios, vulvas

pálidas faces

da morte a noiva deflorada!

Ai rosas!

vermelhas qual o sangue das mãos,

feridas de espinhos,

ai rosas,

maldigo-as

invejo-as

desprendo-as

desfoco-as

distorço-as!

caótica rosa quimerica!

entrego-me aos teus desejos insanos,

jogo-me em teus braços gelidos

e desfaço me em gozos proibidos!

Michelle Angel
Enviado por Michelle Angel em 13/02/2009
Código do texto: T1437862
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