Rosas
Anátema rosa de meus putridos desejos
desfolho-a
desnudo-a
descarno-a
disseco-a
roubo-lhe o tom rubro
tomo-lhe a cor sangrenta
rasgo as folhas
do incestuoso caule a tomo
esmago-a
destruo-a
banho-a em luxurias e pecado
cubro-a de heresias
sussurro-lhe poemas mortos
lotuosa rosa
de negras vestes a virgem impudica
anátema, excelcia e putrefacta
negra rosa de meu canto agonizante
oh extase!
oh dor lancinante!
que me arroubam em ais
oh! pudera não ser perfeita
a fada em trevas submersas,
oh puderam os lábios de veludo carmim
entreabertos em suspiros meu nome chamar!
Desfolhada, desnuda
formas alvas,
formas curvas
macias, macias formas!
Vadia infernal nos doces braços do vinho adormecida!
Seios, vulvas
pálidas faces
da morte a noiva deflorada!
Ai rosas!
vermelhas qual o sangue das mãos,
feridas de espinhos,
ai rosas,
maldigo-as
invejo-as
desprendo-as
desfoco-as
distorço-as!
caótica rosa quimerica!
entrego-me aos teus desejos insanos,
jogo-me em teus braços gelidos
e desfaço me em gozos proibidos!