A ESPADA E A BAINHA
Espada:
Amiga,
Quero que vejas
Que sou mais forte que tu
Eu perfuro corações
E decepo cabeças
Atravesso costelas
E degolo gargantas
Sou o senhor do destino
De heróis que morreram
Pela honra ou pela glória
Pela pátria – pela dor
Ou por um grande amor
Sem mim,
Não haveria guerras heróicas
Ou batalhas épicas
De todos os livros de história
Sem mim
Nem tu existirias
Bainha:
Amigo,
Quero que saibas
Que sem mim tu durarias pouco
Pois a grandeza do teu aço
É mais frágil que o sol ou a chuva
Que te abarca noite e dia
Sem mim
Tu não terias o meu apoio
Nem proteção alguma tu terias
Ficarias enterrado no chão
Ou pendurado no ar
Como um vadio
Se na guerra tu te ergues
No repouso, tu te curvas
À minha majestade soberana
Se queres tua proteção inteira
Não sou teu oponente
Nem tu és meu opressor
Nós nos complementamos
Eu te preparo para a luta
E te acompanho sempre
Quer esteja ao teu lado
Ou na cintura de um guarda
Se o teu aço brilha no sol
É na escuridão do meu ser
Que tu te recolhes docilmente
Para nos tornarmos uma só peça
E formarmos em mente
O mesmo coração de prata.