Pensamentos

Pensamentos

Pensamentos esparsos

São nuvens e Vênus, no espaço

Junto a Júpiter, anéis cintilantes

Pensamentos distantes

Fragmentos de brilhantes

Diamantes em miragens desérticas

Habitantes das dunas nas luas noturnas

Pensamentos, confusas estrelas etéreas

Súbitos, lentos, inexatos e extáticos

Pensamentos, pensamentos não-práticos

Somente pensamentos, ilógicos, mágicos

Vagabundos, nauseabundos, náuticos

Não sais, jamais, dos meus

Não sais, não sais, pois sois

Qual sóis, sois vós a mais íntima voz

Se és tu, ou sou eu, não sei mais

Se és para sempre, ou se és nunca

O que sempre soube, ou nunca hei de saber

Não sais de meus pensamentos,

Seja onde for que estiverem

Estás sempre perto de mim

Mais que perto, dentro, um lago em silêncio

Onde como quando tudo adormece

És a voz que, do fundo de mim, me enternece

Me entristeces a tristeza de que necessito

Me alegras, aliada a cada sorriso

Te espero, mas sem desvario, sem mágoa

Como um rio, vazio, à espera de água

(Djalma Silveira)