A flor temporã

A flor temporã

Como a brisa agita o lago

Assim é o nosso amor

Um movimento quase quieto

Um súbito e incontrolável tremor

No lábio, o doce de um cárneo fruto

No corpo, o odor de especiarias

Nos olhos, o dilatar de pupilas

Atentas ao que mais aprecias

Delírios que exalam perfumes

Como o pólen de amores contidos

Aquecem a noite já fria

Enternecendo-nos os sentidos

Qu´importa se estamos perdidos

Se, unidos, nos encontramos

Nossos corpos como mapas

Pacientemente lidos

Nem o vento frio da noite

Oriundo do mar mais bravio

Nos atinge em nossa redoma

Surdos ao seu assobio

Imperceptível como o rocio

E belo como a flor temporã

Nosso amor torna a noite mais quieta

Pois só nos inquieta a manhã

(Djalma Silveira)