MADRIGAL DA LINDA FLOR
MADRIGAL DA LINDA FLOR
Uma flor, sozinha, no deserto, me chamou
Pediu que eu a regasse, que a tratasse por “amor”
Decretou que seria minha amada e, como era escritor
Que compusesse uma canção chamada “Madrigal da Linda Flor”
A flor sozinha captava a luz solar com esplendor
Tão, tão linda que meus olhos não olhavam nada mais
Infinitas as palavras que compus p´ra descrevê-la
Pois não pude mais parar de suspirar, depois de vê-la
Se encolhia, se a tocava, apanhava com a folha
Com espinho, me espetava, mas depois dava carinho
Como a gente conversava tanto assunto assim à toa
Só nós dois, lá no deserto, onde apagou-se o meu caminho
Eu a olhava, ela sorria e se abanava de calor
Sua folhas tão verdinhas, que brandia no vapor
Reclamava brisa fresca, no aguilhão do fim da tarde
Sufocada do desejo, quando mais que o sol nos arde
Minha flor não se enxugava do orvalho da manhã
Se torcendo disfarçava o seu olhar de flor malsã
Corrompera a minha paz, quando habitava a escuridão
Minha flor, linda e sagaz, me arrancou da solidão
(Djalma Silveira)