Ainda há uma estrela

Ó portento Einstein, ela manipula minha mente;

Uma letra, um rosto no horizonte, aí está a reminiscência;

Esporadicamente fujo e alcanço o deserto de quem não ama;

Frequentemente sou abduzido por um sentimento não diagnosticado;

À noite minha linha-de-frente é vulnerável e pacifista;

Que covardia! Atacar um moribundo envenenado pela cicuta-do-amor;

Lágrimas não enchem o oceano de solidão do meu peito;

Um toque no celular se assemelha a um desfilibrador;

A visão revela que não é ela, a razão está alhures;

Noites de prazeres com ninfas não passaram de ópio;

Noites de solidão no quarto não passam, perduram;

Algumas distraem a minha mente; uma martiriza meu coração;

A sociedade não cura; a igreja idem; será minha cruz?

Ó sábio Camões, meu coração arde mesmo sem vê-la;

Minha vontade já não existe, não tenho o direito de desamá-la;

O supremo tribunal do amor condenou-me a amá-la;

Não sabia que amar fosse crime de pena de morte;

Dizem que o tempo cura tudo, acho que não tenho tempo;

Quem ama deveria estar isento da loucura;

Quem desdenha um amor puro deveria se confessar;

O pecado mortal da alma é amar sem ser amado;

Ó meu querido Nietzsche, foi minha mente que criou esta verdade absoluta;

Como eterno carente, fui ao mundo das idéias, construí-la pra mim;

Bem que Platão me disse, mas não consigo fugir desta caverna;

O desconhecido apavora, meu coração enxerga o conveniente;

Sara, que cegueira sentimental! Todos os nomes lembram o dela;

Ó processo complicado, já escrevi minha carta ao Pai;

Nas entrelinhas havia um desejo de tê-la de volta;

No título um epitáfio: tenho que ser maior que meus desejos;

É Galileu! O homem não é o centro do universo, a mulher, sim;

Saibas que fui condenado a amá-la por resto da minha vida;

Minto! Há dias em que sairei da caverna-sentimental;

Ao olhar pro céu, serei obrigado a retornar ao meu recinto;

A minha humanidade me condenou à escuridão;

Permanecerei nesta utopia até que haja uma única estrela no céu;

E não há um dia em que uma estrela não acende todo o meu amor por ela.

Sempre haverá de ter uma estrela?