LOUCURA

Só eu sei o quanto estou faminto,

procuro teus olhos, busco teu cheiro.

Para me distrair iludo o meu desejo,

mas me abraso em delírios de amor.

Quisera molhar teus lábios de prazer

para alastrar esse fogo que há em mim,

consumir-me junto contigo, loucos,

como vendavais alucinados de verão.

Ah! Se soubesses o quanto és minha,

se soubesse o quanto estou em ti

te deixarias em mim para ser eu mesmo,

e me deixarias em ti para que eu seja tu.

Há tantos corações iguais aos nossos,

mas se já não existimos separados

não pode ser amor somente, é loucura,

tudo que palpita em mim me faz rasgar-me,

faz-me unir-me a ti simplesmente assim,

eu nu e tu nua, enlaçados, infinitos.