O Canto da Sereia
Misteriosa, incógnita, fugaz, mulher ou sereia,
se quer vejo outros lábios tão encantadores
quanto os teus,
envolvo-me
em teus cabelos negros,
embaraçadores, traiçoeiros…
Tão perigosa
quanto beijar a abelha rainha
é ouvir teu canto linda sereia.
é com a alma
dilacerada, que peço-te bis em prantos…
Mas receias em cantar.
Tão grande é a minha incompreensão
que por alguns segundos
quase perco a razão
e mergulho no turvo mar vermelho de teus cabelos.
Mas humildemente
com mil súplicas, padeço diante de te.
Ao meio de uma inculpabilidade só.
Peço-te ao menos um refrão.
Mas é estampada em tua face linda e gélida,
a designação de tamanha insatisfação,
ao ver-me de joelhos,
no pouco espaço
que restou-me diante de ti…
Tu zombas do meu amor, único, porém verdadeiro.
Nada posso fazer,
Se não, humildemente recolher, os restos
dos sonhos que este sombrio coração
um dia atrevidamente ousou sonhar.