Soneto passado

Do orvalho que já se foi eternamente,

Nada restou, nem a nódoa do sol que passou,

Evaporou com o vento das horas, lentamente.

Nem a antiga lua com seu brilho a restaurou.

E a lua, a lua que já não é...

E que um dia foi todo um mundo!

Quimera irreal, patética, ante o sol desnudo.

Poesia sem métrica, rumor que se espalha...

E desaparece. Penetra o ar e me cala.

O que é de todo aquele sentimento mudo,

Daquela suave voz, que encena e nunca fala?

O que o coração mais quer e sonha ouvir

Se não que tudo isso já não é, e nunca foi,

Mais que a ânsia dos minutos que nunca senti?

Camila Cabral
Enviado por Camila Cabral em 10/04/2009
Reeditado em 09/05/2010
Código do texto: T1532281
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