Soneto passado
Do orvalho que já se foi eternamente,
Nada restou, nem a nódoa do sol que passou,
Evaporou com o vento das horas, lentamente.
Nem a antiga lua com seu brilho a restaurou.
E a lua, a lua que já não é...
E que um dia foi todo um mundo!
Quimera irreal, patética, ante o sol desnudo.
Poesia sem métrica, rumor que se espalha...
E desaparece. Penetra o ar e me cala.
O que é de todo aquele sentimento mudo,
Daquela suave voz, que encena e nunca fala?
O que o coração mais quer e sonha ouvir
Se não que tudo isso já não é, e nunca foi,
Mais que a ânsia dos minutos que nunca senti?