Dissonar

Hoje aprendi sobre a palavra carne

Aprendi que se pode rimá-la com sono

E a partir de então, permiti-me rimá-la com o mundo inteiro

Rimei com a primavera, com as ruas e com os quartos

Usei as alianças dos casais como suporte dos primeiros versos

E terminei-os com todo o esmero de todos os livros já escritos

Foi quando cheguei até você,

Por algum motivo maior, a rima parou, estancou e não quis mais andar

A minha carne rimou com tudo e todos, mas a você ela não desejou

Não compreendi direito o porquê, e então insisti em fazer a rima dar certo

Mas nada aconteceu, ficou ali estático o seu nome perto da minha carne

Foi daí que terminei com esses pobres versos,

Foi quando tentei fazer você ficar perto de mim

São assim bem simples, assim como é minha afeição por você

Não se explica com fundamentalismos filosóficos, mas sim pelo tato

É tangível ao toque o quanto quero a você

Acho eu, que cansei de tentar fazer as coisas se encaixarem

Se fosse para a rima dar certo,

Ela já estaria a me esperar para ser feita

Voltei para os meus miseráveis poemas

Para me deparar com todos os meus mais belos versos,

Com o seu verso jogado ao léu do meu calor

E depois de caminhar por todas as vias sem fim da minha insanidade

Cabe a ninguém mais do que eu deixar as palavras como estão e não mais almejar coisa alguma

Vou deixar para os meus outros poemas terminarem o que eu comecei

Assim tão invariavelmente sem pensar, sem prezar, sem amar.

Stephanie Correia
Enviado por Stephanie Correia em 16/04/2009
Código do texto: T1541806
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