Doce inspiração, inspiração de mulher
Na azáfama dessa urbe,
Beleza estética, concreta,
Eu, sem retórica declaro um poema,
Um soneto, um laudatório para a musa,
Que no silencio contrito da tarde fria,
Nem sequer imagina que eu existo.
Sem eira e sem beira de talentos,
Tateio nas cores quentes da minha aquarela,
E pincelo numa tela com extremo denodo,
A boca, os seios, os olhos negros,
Elaboro um quadro impressionista, calculista,
Para a bela que não sabe que eu existo.
Tomo da batuta do compositor vienense,
E nos bosques da metrópole rabisco uma lenda,
Nas folhas amarfanhadas de pergaminhos,
Desenho nas linhas das partituras cruas,
Uma canção, harmônica melodia, uma sinfonia,
Para a amada que nem sabe quem eu sou.
Musa, bela, amada e doce inspiração,
Inpiração feito encantamento,
nas linhas finas e perfumadas,
Do corpo ardente de uma mulher.