O sorriso incontrolável de quem ama
O sorriso incontrolável de quem ama
Meu peito se compara a esta areia
Que amortece a intensa vibração da onda.
Abre-se, mas se recompõe instantaneamente.
Ocorre que me dói cada batida deste pobre coração.
Batidas sempre fúteis por amores sempre vãos,
Que se vão... sempre... sei... simplesmente vão.
Antes habitasse o paraíso da frieza, a solidão
E não compartilhasse este sorriso incontrolável de quem ama.
E ama outra vez, se arvorando na esperança do Talvez.
Mas nunca mais amar será como a primeira vez,
Pois o último amor carrega sempre as dores precedentes
E o súbito com que o Eterno se torna Inexistente.
Mas o amor, para mim, é como espectro onipresente.
Meu próprio fantasma a me assombrar durante a vida.
A Morte como mestra a me ensinar a ser vivente!
O amor não é somente o que se mostra pela frente,
Pelas costas, mostra toda sua imperecível dor.
E sua inconfundível cor transborda o traço impreciso.
Seu viciante néctar, quisera vomitar
Controlando este cansaço do sorriso,
E esta saudade insana de chorar.
(Djalma Silveira)