Metamorfose

De dia, sou bela

Casta donzela

Te fito com frieza que gela

E reflito na luz a beleza singela

Olhos inundados de inocência

Gritos roucos de demência

Espero pela noite sem paciência

Á noite, sou fera

Ainda mais bela

Doce perfume emana, gazela

Que te domina e impera

Olho-me no espelho, desejo

Olhares de fogo lampejo

E ferve tudo que beijo

Brilho insaciável

Constante e instável

Delírio cruel

Veneno, sabor de mel

De dia, bela

A noite, fera

Sei o que quer: sou mulher

Que com o sol guarda

O fogo que amarga

Mas sabe que será tua

Quando vem, à noite, a lua