Sou eu!

Aquela figura estranha,

congelada no tempo,

solitária, isolada,

sou eu!

Com os olhos perdidos no nada,

parecendo deslocado,

fora de lugar,

sou mesmo eu!

O tempo passou e,

como ele sempre faz com todos,

levou minhas crenças,

meus mais elaborados pontos de vista,

minhas verdades.

Deixou-me discutindo comigo mesmo,

com minha consciência,

que desmente, nega,

as certezas

que imaginei ter ouvido dela mesma.

E o caminho que eu trilhava

com toda a segurança do mundo é, hoje,

um atoleiro onde

o chão firme desapareceu...

Aquela figura estranha,

que parece um exilado

num mundo onde nunca habitou,

sou eu!