Discussão

- Destino - dizia eu.

E o cético, muito cético retrucava: - destino nada.

Isso é palpite seu. Destino é crendice, pretexto dos fracos.

- Mas então, como explicar os fatos?

O encontro não marcado? Os gestos velados?

Os olhares descuidados?

- Obra do acaso, da sorte. Assim como a vida.

Assim como a morte.

- E os sorrisos, os risos? E o tempo que passava estranho?

Explica agora! Cético dos infernos! Explica porque não

esqueci aqueles olhos, quando tantos olhos eu vi.

Explica porque não esqueci aquele rosto, porque imaginei

um gosto e esqueci todos que já senti.

Explica porque essa saudade sem fim? Explica porque

com tanta distância, ainda sinto tudo tão perto de mim?

E o cético, vencido, responde enfim: - Não sei.

Só sei que é bom que seja assim.

Sissina Aurea
Enviado por Sissina Aurea em 02/06/2009
Código do texto: T1627502
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