O pirata e a dama
Mergulho meus pensamentos,
No seu calmo e perdido olhar,
Tento extrair deles alguma lenda,
Um conto, uma música ou poesia,
Mas soçobro num oceano marejado,
E lamento não poder o meu tesouro encontrar.
Faço-me de velas ao mar aberto,
Qual flâmula branca na busca da paz,
Aporto minha nau em ilhas desertas,
Procuro nas furnas, nas pedras, nas areias da praia,
Uma ânfora encantada, azul trabalhada,
E no seu bojo um recado seu.
Adormeço ao acalanto da morna brisa,
Mirando ao longe o céu se unir ao mar,
Acordo sobressaltado, noite sem luar,
Ouço quase como um cochicho,
Das folhas das palmeiras, do vento nas dunas,
A sua doce voz no drapejar da preamar.
Recolho a ancora de meu vagante barco,
E vou singrando as verdes águas dos sete mares,
Olhando seu perdido olhar nas brancas espumas,
Iço a Jolly Roger que tremula ao vento,
E perco-me em pensamentos,
Na incansável busca, na esperança de te encontrar.