A Resposta de amor que não chegou...

Há uma pergunta feita, sem resposta.

Há uma espera muito triste e muito longa...

Em meu rosto uma marca descomposta

Olha o horizonte, que mais e mais se alonga...

Há um silêncio pesado e opressivo;

Uma mágoa que dilacera o coração...

No entanto há um riso compreensivo

Que canta e encanta aqui na minha mão...

Divorcio-me dos belos sonhos de outrora.

Começo a amar o silêncio opressor...

- Resta-me agora o silêncio desta hora...

E, quando no fim, já tudo for passado,

Lembrarei do mesmo modo amor e o desamor

E esta espera opressiva... Então, terá findado...

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Nota sobre o poema que segue:

Possíveis pensamentos que se abateram sobre Butterfly (enquanto canta a Ária UM BEL DI VEDREMO) da ópera Madama Butterfly, de Puccini, e que, certamente tem algo em comum com o poema acima. Esta Aria belíssima é cantada enquanto Butterfly vê o navio chegando ao porto e fica, junto com sua criada, cheia de inquietações sobre o que acontecerá. Imagino que, nestes momentos, Butterfly teria pensado assim:

(...)

Que irei contar?... Que sinos dobram?

Que poderei lembrar?... Que a mim me cobram

Culpas que não tenho a desculpar?...

Pouco importa... Já falta pouco tempo...

Tudo passará... E então contemplo

Os sonhos que me vieram assombrar...

Olhos que amei... E nunca foram meus!

Beijos que não tocarão mais os lábios meus...

Miragens que não quero mais lembrar...

E “alfim, e após”, neste fim de tarde

Penso em descansar, sozinha e sem alarde,

Sufocando sonhos que me fazem só...

E quando chegares, meu amor,

Alguém te vai dizer:

-Por tanto demorares

Ela acabou por te esquecer...

Mas tu vais rir com teu riso cristalino

(um misto de homem com sorriso de menino!)

E perguntarás: - Onde ela está?

Levai-me lá!...

E eu, ouvirei tuas pisadas

E me fingirei de morta! E espantada

Me farei quanto chegares junto a mim...

(Estás tranqüilo, pois bem sabes

Que este amor não terá fim...)

(...)

- Vieste... Mas não me trouxeste respostas...

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Nota: O amor americano com quem Butterfly teve um filho homem, volta, mas sem dar-lhe explicações, leva-lhe o filho nascido do amor com a gueixa para ser criado por ele e por sua bela esposa americana, com a qual casara há pouco. Ela entrega o filho! E depois se mata.

ESPERANÇA
Enviado por ESPERANÇA em 14/07/2009
Código do texto: T1698636
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