Anjos na Terra

Só sinto na boca o sabor amargo tal qual fel,sinto a dor, o sofrimento e a agonia de me remeter a este silêncio ignóbil e bárbaro. Que queima e dilacera o peito de tal forma que é impossível exprimi-lo por palavras, apenas se sente esta imensa tristeza e desilusão, este sopro fraco que vem do coração cansado de bater em vão. Hoje eu queria nada fazer e voar para bem longe, fazer um reset à minha imaginação e esquecer que um dia me apaixonei por Ti e que tu pegaste nesse sentimento e o jogaste para o espaço sideral do infinito.

Os anjos da Terra são cruéis

Perderam as asas do Céu

Talvez por isso se tornaram falsos

Sem brilho e sem luz

Sinônimo de um inferno

Que queima o Amor alheio

Destruindo a Amizade

E as promessas tecidas

Em dias de sol

Ou talvez de devaneio

Na sua insensatez

Egoísmo e egocentrismo

Magoam as borboletas

Que no voo rastejante

Ficam sem graça

Consumidas no negro

Perdendo as cores

Da vida e da alegria

Porque alguém se lembrou

De as deixar em agonia

Só porque é incapaz

De ter coragem

Para falar sem rodeios

Sobre a verdade que ilumina

A Sinceridade

A Clareza

Que na vida é preciso

Virando costas

Deixam um rasto de dor

Que preferem nem ver

Jogam no lixo

A vida dos outros

Sem remorso

Ou sequer algum afecto

Lembranças enxotam-nas

Recordações apagam-nas

Momentos esquecem

Sonhos eliminam

Amores nunca existiram

E para quem fica

Resta apenas o amargo

As lágrimas

Aquelas que teimam em cair

Sem cessar

Num grito que queima a alma

Elas que consomem os dias

Num sofrimento hostil

São prova de que para alguns

Os outros nada são

Apenas algo que o vento de Inverno trouxe

Para lançar aos céus no Verão

Estes são os Anjos da Terra

Os tais que perderam as asas

E se transformaram em Homens

Ansiosos por magoar

Tal qual armas de guerra

Enganos do coração

Que fazem crescer a raiva

De um dia ter sido possível

Gostar de alguém

Kikas
Enviado por Kikas em 04/07/2006
Código do texto: T187422