P A R T I D A

Eu te apertei a mão

com tal guloso afeto,

que te fui opressor,

um mau vampiro abjeto,

como a trincar-te a glote.

Os teus nos olhos meus

nem pediram licença

para ler-me a saudade,

que me estava suspensa,

no amor do que se ia.

Viajor, eu me fui...

No peito, dor cortante

e estilhaços de ausência,

à partida do amante,

e sem qualquer viagem.

Fort., 19/10/2009.

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 19/10/2009
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