Meus sonhos eram como plumas brancas e elgodão...

Meus sonhos eram como plumas brancas,

Como as nuvens brancas em um céu de abril,

Alvas como a neve recém caída...

Flocos de algodão, macios, lindos,

Assim eram meus sonhos de menina...

Eu tinha um gato, mestiço, angorá

E uma cadelinha pequinês...

Tinha uma boneca que era de pano

E um ursinho que se perdeu. Onde andará?...

Aos treze anos o coração bateu

Mais forte e eu não entendi... Alucinada

Fiquei por uns olhos cor de mel...

E um rosto lindo... Estava apaixonada...

- Não esqueci meu Príncipe Encantado

E não o vi por um par de anos...

O cabelo dourado qual trigal maduro...

Era meu tudo nos sonhos... Não havia enganos...

Aos dezesseis o vi. Meu Deus, que estranho

O sentimento crescia e eu enrubescia!

Meus sonhos já não eram mais de uma menina...

E fui ao Céu quando namoramos!...

Dois anos de magia e de esperança

De sonhos, de beijos, de carinhos,

Muito discretos, porque naquele tempo

Tudo era contido, como “bem convinha”...

Então gotas de sangue cobriram meus sonhos...

Tão alvos sonhos se tornaram rubros:

Ameaça de uma doença fatal: ele não merecia

Sofrer por mim! Afastei-o!... Eu desfalecia...

Mais um par de anos e eu curada estava.

Procurei-o por todos os caminhos...

Por mais dois anos peregrina andei

Atrás de seu amor e seus carinhos...

Perdi-o... Mas a culpa era toda minha...

Nada mais me importava então...

Rasguei meus sonhos com minhas próprias mãos

E de negro me vesti... Só tristeza! Tinha

Tido tudo nas mãos para ser feliz!

Mas nos traíram os que eu tanto quis

E nos afastaram por mesquinharia...

Anos depois eu o vi uma vez!

Fui procurá-lo, sim, com timidez.

Vi todo aquele amor imenso renascer...

Mas era tarde! Perdi-o outra vez...

Muitos e muitos anos se passaram

E minhas lágrimas nunca sossegaram...

Meus sonhos um dia, alvos como a neve,

Não passaram mais do que esperanças leves

Que foram se perdendo ao longo do caminho...

Mas o amor crescia... Momentos breves

De dois anos de encanto e de magia

Estavam vivos... E eu os revivia...

Quarenta anos então se passaram,

Mas estes, meu amor nunca mataram!...

Encontrei-o de novo... Mas muito tarde...

Renúncia e busca sempre se alternaram...

- Meu amor, da minha quase infância e juventude,

Meu amor maduro, ainda estou aqui!

Te amo! Se me resta uma virtude

E a de que... nunca eu te esqueci!...

-Mas é tarde,meu amor, continua sendo tarde...

- Mas eu espero ainda o que eu perdi!...

ESPERANÇA
Enviado por ESPERANÇA em 23/10/2009
Código do texto: T1881902
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