Invadiste meus sonhos

Invadiste meus sonhos.

O mar de outro tempo

Avultou minha lembrança,

E divaguei.

Singelo, teu rosto apareceu simplório.

Talvez dissesse ele, outrora, o quanto lhe gosto,

Mas não pôde:

Uma só palavra

Seria a imutável

Descaracterização de tudo que viu.

Tua pele –

Nosso mar –

Nada disso merece palavra;

Merece olhos,

Merece tato; merece ausência.

Que enquanto penso em ti

Penso em ti não pensar:

Quero-a em meus braços, e basta.

Resumir o que sinto é não sentir

O quanto a sinto.