Gabriel

"Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos Anjos

E não tivesse Amor

Seria como o Metal que soa

Ou como o Sino que tine.”

Ontem eu vi um anjo!

No urbanismo da minha alma, eu vi um anjo

No tom do meu sofismo

Eu vi andando ali

Um anjo, ah meu Deus... um anjo!

Deitou-se ao meu lado

Falou-me do céu

Disse-me que eu era escolhido

Bateu suas asas

O vento me abrisou do calor escaldante

Olhou nos meus olhos, e nus ao reluzir da lua vidro prata

Sua pele era meu espelho

Seus olhos, o meu cálice

Mãos tocavam minha pele

Seus dedos não eram sentidos

Além da carne

Acariciavam minh’alma

Tempo se distorceu, verbo ensandeceu

Eu e mais ninguém

Esse alguém, esse anjo

Cabelos ainda jogados sobre meus ombros

Espada protegendo-me dos males

Males que ainda não vinham

Assim, protegia-me

Não só guardava, como cuidava

Inutil o meu viver, deitado sobre o colo de um Gabriel

Da depressão ao céu

Utopia do individuo