ESCRAVIDÃO URBANA

ESCRAVIDÃO URBANA

Passaram-se tantos anos

Aos navios e a negritude do mar

Navios negreiros negreiros

A escravidão esperada

Em tochas e velas acesas no mar

Chibatas e homens cabisbaixos

Ladainha e gemidos

De suores lacrimejantes

Secular livramento e lamento

Mandantes... Mandantes

Assim era antes

Passaram-se tantos anos

pela gloriosa Libertação

Tantos anos... Tantos anos

Seres unidos em elos partidos

Patriarcado desmoronado

Vence o martírio do Poeta

Ah! Alves não viu desfecho!

A abertura da fechadura

Na cor e dor

Brasilidade em dignidade

Fez-se a palavra Amor

Últimos anos, últimos anos

Sobem lanças, grades

O medo e o olhar em fios

Evocam aos Céus Liberdade

No alto do muro

Nos trincos e vidas trincadas

Elos, teias e correntes

Lanças, lanceiros

Machucam a plenitude de sonhar

Ainda alguma lança escapa

Fere, sangra, mata nas frestas

No meio da noite, sempre açoite

No lar, na rua, meio fio

Escorre calada a solidão

Ah! Alves não viu nada!

Arma branca sanguinolenta

Ricocheteando, golpeando

morrendo célula mater.

Marca negra estendida na terra, no chão

Sobrevoam navios urbanos

Sirenes, velas acesas

mandantes...mandantes

Faz-se a palavra Ódio

Assim não era antes

Não era

Cíntia Thomé

*Dedico a toda Família Brasileira

.

*** ALVES - Poeta Castro Alves - Poeta dos Escravos

Cíntia Thomé
Enviado por Cíntia Thomé em 16/11/2009
Código do texto: T1925988
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