PAIXÃO À BEIRA DA LOUCURA

Dentro das nossas madrugadas, eu sempre me desapareço, deixo mesmo de existir.

Me transformo em você, não sabendo nunca o que há por vir.

Comoção, muito tesão, repentes de extrema paixão.

Sentidos, desejos, pele, êxtase, pura emoção!

Não me sinto, não me importo, nem mesmo penso.

Entrego-lhe minhas asas, e libertamos nossas almas p'ra voar.

Deixo de ser eu, me ultrapasso, faço de você meu limiar.

Em cada pedaço meu, sou então completamente seu.

Por várias horas sou seu corpo, sua morada, é só aonde quero estar.

Vou aos céus, conheço seu paraíso, e confesso, impossível não lhe amar!

Em nossos lábios, meus beijos são somente os seus.

De nossos corpos, como ladrão roubo seu gosto, e também seu cheiro.

Assim, quando eu desço por seu ventre,

e em seu deleite faço meu recreio, entrego-me por inteiro,

e não mais lhe distingo de mim!

É quando de nós, fazemos um, e nos tornamos imortais.

Nesta divina dança, somos dois loucos até o amanhecer,

onde sou os seus murmúrios, seus gemidos, seus gritos de prazer.

Eu me esqueço cada vez mais de mim, e neste instante já sou totalmente você.

Não paramos, nem direito atinamos, nem sei se ainda respiramos.

Nos sentimos desfalecer, e só depois disso tudo, é que nos deixamos em vida morrer!

Como laços fortemente atados, nos permitimos renascer.

Encontro-me em seus olhos, e neles apaixonadamente abrigo os meus.

E com um abraço bem apertado, lhe dou meu mais doce beijo,

e em sua boca me sacio do seu.

Aí, desde sempre e eternamente, vejo que enfim,

simplesmente sou você em mim!

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