Escorpião

Eu sempre fui daqueles amores silvestres

Nus e cruéis, feito furacões

Que passam sem deixar rastros

Pois a única prova de sua existência

São telhas que não existem mais

Eu sempre fui daqueles amores carnes

Que não lhe importam lugares

E lhe roubam tudo que tem

Corpo, gozo, alma e pesares

Daqueles que lhe devoram luxúria

Eu sempre fui daqueles amores ancestrais

Testemunhas da Terra e dos deuses

Daqueles que se vêem desde sempre

Embora não se vêem mais

Eu sempre fui daqueles amores coléricos

Sem pudores e gritantes

Que movem céus, terras, mendigantes

Feitos de cobre, ouro e espadas

Eu sempre fui daqueles amores fiéis

Que lhe exigem a eternidade

Lhe beijam a boca e lhe dão o sangue

E lhe batem nas faces

Eu sempre fui daqueles amores bandidos

Que lhe põem em perigos, lhe expõem ao mundo

Que lhe roubam as vísceras e as lágrimas

E lhe fazem sonhar

Eu sempre fui daqueles amores explícitos

Entre declarações e rugidos

De fantasias e cristos

Que não lhe deixam pecar

Eu sempre fui daqueles amores perdidos

Que são somente seculares escritos

Que não mais se eternizam por se matarem

Eu sempre fui desses amores intensos

Que entre promessas e consensos

É impossível de se amar.

(17.12.09)

Adrianna
Enviado por Adrianna em 05/01/2010
Código do texto: T2011791
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