Néctar de Amor

Eu vi uma bela flor, que tanto

Chorava num jardim. Seu pranto

Foi seiva e orvalho, qual cristal.

Eu vi o beija-flor, que tenso,

Razou as asas, inda penso,

Ao brilho, ao triste, à flor teatral.

Asas ligeiras... Suas asas,

Vento e bonança! Como as casas

Onde em roseiras mais sorriu

Planta como esta, que murchou.

Murcha em terras que arraigou

Duro cimento seco e frio.

Beija-flor, derradeiro dom

Tem teu bico: Tirar-lhe o som

Deste embalo pesado, atroz.

Nectar puro levai alhures

Com seu pólen. E assim mistures,

Dando a vida às roseiras sós.

Edmond Conrado de Albuquerque
Enviado por Edmond Conrado de Albuquerque em 08/01/2010
Reeditado em 13/01/2010
Código do texto: T2018210
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.