Peregrino

Acordei sem abrir os olhos,

era medo de não encontrá-la.

Então, apertei as palpebras bem forte

e te procurei por dentro de mim mesmo.

Fui direto a boca, era mais perto e certamente mais prazeroso.

Ali, senti seu sabor adocicado e levemente picante.

Em seguida subi ao nariz,

só para relembrar seu perfume com notas de canela, carvalho e champanhe.

Depois disso, corri para as mãos

e lá voltou-me a experiência sensorial de tocar suave sua pele,

até não saber a diferença entre pluma e algodão.

Também visitei os ouvidos

para sentir o timbre de sua voz falando palavras tão tuas.

Mas tudo isso ainda era pouco.

A saudade continuava a gritou dentro de mim.

Decidi seguir o eco de sua voz

e a encontrei sentada, já aos prantos,

bem ali, na porta do meu coração.

Cabreira
Enviado por Cabreira em 10/01/2010
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