PÁGINAS DA VIDA

Fui tateando, buscando aqui e ali,

páginas rebuscadas mesmo machucadas,

memórias apagadas, cinzas apenas,

desejos incontidos, querendo atiçar,

quem sabe até uma pequena brasa,

que num assôpro poderia reacender,

e adquirindo vida segredos me contar,

tantos anseios quase que dormentes.

que até em sussuros queria segredar.

Uma alma tão calma despertou então,

e páginas da vida foi folheando devagar,

algumas amarelas quase sem viço, dores,

outras esfusiantes mostrando euforias,

e me extasiei, pois encantos contemplei,

no ventre materno, onde fui me formando,

pézinhos, mãos, boca sedenta, ouvidinhos,

escutando canções de ninar, querendo dormir,

até que nasci, o leite materno me saciando.

Crescendo viçoso, tornei-me criança esperta,

busquei na escola o saber querendo até escrever,

o a,b,c que em letras tortas, quase garranchos,

fazia em páginas da vida como um engatinhar,

pois para saber andar tinha que sofrer tropeços,

caindo, se levantando, braços até me acolhendo,

da mãe atenta sempre pronta, sem descuidos,

e ultrapassei com galhardia uma fase tão bonita,

infância tão gostosa, só alimentando sorrisos.

Atingi o ápice folheando páginas até floridas,

pois meus anseios já tinham ímpetos de vigor,

ebulições da juventude buscando euforias,

adrenalinas que sorviam meu espírito inquieto,

pois queria enfrentar perigos que me extasiavam,

e na natureza bonita encontrava só encantos,

no rio turbulento onde me jogava sem temor,

e na cachoeira linda que despencava das alturas,

contemplava sereno lindos arco-iris se formando.

Minha Alma folheou então páginas que ansiava,

perfumadas até e com cores que o amor representa,

nunca amarelas quase que desgastadas no tempo,

mas de um vermelho intenso como um coração batendo,

pois nelas uma fase de imensas euforias então vivi,

um amor tão bonito que absorveu todos meus sentidos,

com a namoradinha de meus sonhos contemplando a lua,

vendo o por do sól com todos seus encantamentos,

e observando até uma criança abrindo lindos sorrisos.

Páginas da vida que minha Alma fechou num dia triste,

não escreveu mais aquelas euforias que então vivi,

pois no palco de minha existência foi a estrela maior,

aquele amor que vivi intensamente e jamais terei,

mas frutos ficaram para atestar sua doce presença,

filhos que me orgulham e guardam as serenidades,

de uma mãe generosa que sómente os amou em vida,

e para contemplar as doces lembranças de sua presença,

netos tão meigos com os quais tenho até cumplicidades.

10-01-2010