Amor de Profanação

Vozes ecoam por todo o meu templo

Veja as marcas do assoalho e do tapete

Borbulham o sangue e o vinho

Como quem borbulha dos lábios

O líquido mais repreendido.

Repreende-se a vergonha

E não sente-se o que mais se é humano.

Humanamente desagarrada contemplo a tua a adaga sagrada,

Perfura-me, estou morta, entregue, estou dada

Badalam os sinos, uma vez para cada gemido

Os vitrais exibem imagens de arguido.

Os anjos cantam, nós dançamos

A música mais bela está tocando

Com ardor e com paixão, vamos ignorando

Duas sombras que se mexem por trás dos lençóis

Duas fontes, dois montes, uma ponte, dois faróis.

Uma estrela explode em ebulição febril

As galáxias se unem num calor doentio

A ponte ante erguida se abaixa

A paixão se soma e continua

Eu sorrio, meus lábios se molham

O coração ardoroso

O coração pedregoso

Se entreolham.

Isabelle La Fleur
Enviado por Isabelle La Fleur em 17/01/2010
Reeditado em 17/01/2010
Código do texto: T2034278
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.