" A CHUVINHA E O AMOR "
Evaldo da Veiga

Está caindo em gotinhas, ouço o barulho lá fora
Esteve presente na noite e na madrugada
Diligente, sem interrupção, velando meus anseios
Quantas recordações nessa chuvinha fina
Que não se foi , não se vá, fica comigo
Quedo-me de repente na mais Santa contemplação
Vejo tua face como se estivesse aqui, no calor da vida
Ah, recordações que me aquece a alma, anima o meu ânimo
Eis que você chega e o inanimado adquire vida
Amo tua presença ausente e tua ausente recordação
Que já deixou o cristal, foi-se como uma brisa leve
Levou em si seus vestígios, da tua presença tão perene
Assim como o imorredouro se apagou na visão do agora
E ressuscita nas imagens sempre eternas do depois

Amo-te minha querida, no meu amor de agora
No meu amor de antes, naquele amor inaugural
Tua presença bem vívida, nessa distância tão ausente
A gente se foi em caminhos contrários, mas há reencontros
E é nessa volta que sentiremos o quanto ficou pra trás
O que deixamos sem cultivar esperando o milagre
De uma vida espontânea que acontece sem gerar
Ilusão, pobre ilusão, existência sem criador
A mais linda roseira que existia no vazio foi criada
Não se perpetuou, nem sequer gerou uma única flor
Mas eis que chega o relatório da existência
Quantas falhas, foi ócio, descaso, negligência,
Foi desamor na pretensão de amar no descaso
Agora, temos  experiência para reconstruir e vamos
Renascerá de nós o verdadeiro amor.

evaldodaveiga@yahoo.com.br