PÁGINA VIRADA (EC)
Que fazes aí, resto de flor amarelada?
Vens-me, ao acaso, brotar recordação?
Tempo de amor qual um conto de fada...
Breve tremor bate dolorido coração...
Emoção me lembra: Foste um presente
De alguém que há muito se fez ausente.
Uma paixão dessas de nos por doente
A remexer com as aflições da gente...
Caíste ao acaso ou te protegi num abrigo?
Coincidência?... Não!... Escolhi este lugar...
Fato é: ficaste asilada sempre comigo...
Olhar umedece ao texto que estás a marcar...
Página de um lindo poema sem par...
Como sem par fiquei àquela partida...
Não foi falta de rega... De versos ao luar...
Efeito das voltas da roda-viva da vida.
Sem mais perfume, pétala desalmada,
Vêm-me primitivo desejo de te amassar
Despedaçar-te... Não!... Não és a culpada...
És o resquício de um tempo de sonhar...
Decerto te guardei como um lembrete
Da cicatriz indelevelmente marcada.
Tal fosse num dicionário um verbete:
Amor que ficou para trás! E página virada!
Este texto faz parte do Exercício Criativo - Encontrei num Livro Antigo...
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