FANTASMAS DE MEL

 

Aproximava-se o meio-dia

Vagava por entre os túmulos

Das horas mortas...

Procurava do passado

alguma porta...

Somente os sussurros

das lembranças

gemiam a cada passo...

Vicejava os vazios

sem embaraço...

Sob a noite dos meus olhos

sombras de luz dormiam

aqui e ali...

Avistei mais adiante

a árvore de Salvador Dali!
 (A sua frente esculpido
em quartzo hialino
brilhante e translúcido
estava o meu amado...)

Toquei seu mar transbordante

Abri a página marcada:

e nela estava o mapa

do antigo segredo,

Do misterioso livro

que se abre e se fecha

sobre si mesmo...

A folha que cai

ao tocar o chão

 fechará o livro.

Como ficará, então, o romance?

Receberão do Olimpo

uma outra chance?

Li nas coordenadas

o encantamento...

A longitude mostrou

o ponto fatal.

O passado cintilou

por um momento...

A rosa dos ventos girou

de forma visceral...

Amantes num beijo de amor!

Transfiguravam-se

num caleidoscópio de cor...

...sob seus pés

o Ganges, o Everest,

o Céu...

Ah, quanta dor

o olho de Hórus chorou!

Pois dos amantes

em lua de mel

restaram apenas

dois fantasmas

tecidos de lembranças

e sonhos de mel.




*entenda-se amantes como aqueles que amam.
** poema pensado a partir do poema "Fantasma de mel" do escritor Machado de Carlos.
Imagem: de minha autoria

 

 

 
Marta Cosmo
Enviado por Marta Cosmo em 07/02/2010
Reeditado em 28/06/2014
Código do texto: T2073677
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