SONETO AO MEU AMOR

Se amor é um fogo ou é uma ferida

Ou apenas um querer bruto e fero

Ou então uma prisão de mãos regidas

Amo-te total bicho mistério

Amor meu fecha a porta escura

Amamo-nos tranqüilos ao rio

Tu, branco cisne como candura

Estendo-te a mão laço de fio

Prende-me o amor, não é dos tolos

Nem dos sábios; é apenas o teu

Camões, Bocage, Garret e Pessoa

Neruda e Castro Alves, Vinicius

Tomei versos, palavras à toa

Cantar, cantei a ti: Meu amor e vício

(Diálogos que ainda restam, p.39)