Poesia Morena

Tua lembrança preenche meus vazios.

Sinto-te, embora não estejas;

e te devoro

sem que me vejas.

procura, fome, loucura,

esse amor sem moldura,

esse gostar sem usura

e esse desejo sem censura.

Como tu veio,

essa falta de receio,

essa sobra de recheio

são mistérios da Terra do Meio.

Ouço tua voz cantada

e te sei amada.

Por que tu me és tanto?

Nao sei,

mas te amo

como raro amei.

Essa maciez da tua pele

é perpétuo convite

ao qual não se resiste.

Por ti, poesia morena,

farei nova Carta Chilena,

como as de Marilia e Dirceu,

versos brancos sem Liceu.

*E tão de repente ...

nada mais que de repente ...

*inspirado na poética de Vinicius de Moraes.