Sonhos de um amor "solitário"

I

Fecho os olhos

Sonhos...

Oh sonho que a ti ansiava afagar

Que belo tu és, que belo tu és...

Mesmo que minh'alma vos abalar

Por ti quereis amar e amar

O cipreste do esquife rompe no alvorar

Ah bastardo, como podes? Queres me chagar?

A amplidão de treva envolve-me a vos maligno

Tortuosos caminhos hão de surgir ao benigno

Que triste tu és, que triste tu és...

Almejos simplórios de um coração "a sangrar"

Desça do pedestal da morte, um sonho estás a contar

- Não, não... Segredos posso revelar

E o coração puro da dama posso torturar

Que linda tu és, que linda tu és

Queres mesmo ler sobre a vastidão do meu querer?

O efémero pode durar, e escuridão posso pronunciar

Perdoe-me desde já, pois o poeta que escreve nunca amou.

O medonho da vida irá afligir... Uma forma de dor

Mostrarei o meu verdadeiro ser... Uma forma de morrer

Seu poema monotonia irá pasmar, irei escrever, mas

Triste irá ficar, Ah como irá ficar... Uma forma de amar.

Perfeita tu és, perfeita tu és, Ah como é!

II

Pondero a utopia de uma esperança a sonhar

Nele a sua alva face posso tocar

Ah como é lindo esse sonho que quereis viver

Toque-me, o infinito límpido irei buscar

Esperança? Saudade? Amor? Esse é meu ser?

Anelo que sonhei, Ah eu te encontrei, Ah eu encontrei!

Como és belo te amar, mesmo que numa ilusão de meu sonhar.

Não finda esse sentimento tão belo que brotou

Um dia... irei amá-la com outrora amou.

Sangra coração pútrido, chora olhos tristonhos

Rasga pele esquálida, morra alma maldita

Nesse instante onde o amor é um sentimento medonho

Não há para onde fugir, não... Não há saída

Tudo que toco, que sonho, que amo, é o você.

Mas isso é apenas mais um incógnito

"Amar-te, é ter a certeza que morrerei por um propósito"

III

Forja o fatídico lastimar no horizonte

Uma lágrima de sangue escorre de meus olhos

Ah maldito, ah maldito, queres estar em fronte?

Ávidas às lembranças tristes a recordar

O sepulcro do antanho retorna ao sonhar

Eu te odeio, mas a amo, e continuarei a amar

Dê-me um punhal, deixe-me mostrar o sangue escorrer

Meu pulso irei cortar para meu amor lhe provar

Sim, por você um dia (breve) irei morrer...

Sombras taciturnas de meu maldito olhar

Insistem em voltar, ah como sofro, e irei sofrer

O enfermo estás a sonhar, ah e viverá, ah e viverá.

Ó bestial, porque me atormentas? deixe-me apenas ansiar

Ó celeste, porque me ignoras? Deixe-me apenas amar

Não tenhas medo de minha morte amada

Foi apenas meu sonho, meu ódio, minha dor

Pois "A morte é apenas mais uma vida pérfida

Onde mais uma vez não terei seu amor"

IV

Ecos a serem ditos, ecos a serem ouvidos

- Você és linda, linda, linda.

- Obrigada, ouço responder uma voz infinita

- Seu sentimento és perfeito, perfeito, perfeito.

- Obrigada, ouço responder uma voz em devaneio

- Sua voz uma canção divina, divina, divina.

- Obrigada, ouço responder sua voz eternal

- Eu te amo, te amo, te amo e te amo

- ... O silêncio, resposta dum fim sepulcral.

V

Ah como foi linda essa minha ilusão

Pude te ter, te encontrar, te tocar

Ofegante da forja de meu coração

Pois mesmo que apenas em meu sonhar

Ah eu vou te amar, ah eu vou te amar...

Stacarca
Enviado por Stacarca em 20/08/2006
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